FLEC-FAC REIVINDICA A MORTE DE 32 MILITARES DAS FAA

A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), movimento independentista, anunciou hoje a morte de “24 soldados angolanos e oito oficiais militares das FAA”, pelas Forças Armadas de Cabinda (FAC), segundo o Estado-Maior da FLEC-FAC.

Num “Comunicado de Guerra”, no qual apela “a todos os investidores franceses e portugueses para que abandonem imediatamente Cabinda”, a FLEC-FAC alega que, na manhã de hoje, junto à aldeia de Tando-Maselelee Nviedi, na região de Belize, as FAC “lançaram vários ataques com armas pesadas contra posições das forças ocupantes angolanas FAA [Forças Armadas Angolanas]”.

Segundo a nota, “24 soldados angolanos e oito oficiais militares das FAA morreram durante os combates e 11 [ficaram] feridos (…). Milhares de pessoas fugiram para a vizinha República Democrática do Congo desde que os combates começaram”, hoje de manhã.

No documento, assinado pelo chefe da direcção das Forças Especiais das FAC, tenente-general João Cruz Mavinga Lúcifer, destaca-se que, depois da entrevista do Presidente de Angola, general João Lourenço, à revista Jeune Afrique, “as FAC decidiram intensificar a acção militar em todo o território de Cabinda”.

Nessa entrevista, à pergunta sobre se o chefe de Estado angolano considerava a FLEC um movimento semelhante ao M23, ou seja, um movimento político-militar com o qual é necessário dialogar e negociar, João Lourenço afirmou:

“Não! Não, porque a FLEC não representa nenhum perigo para o território angolano e, em particular, para o território de Cabinda. E não é verdade que a situação de segurança em Cabinda desencoraje o investimento. Nós temos investimento privado em Cabinda. A petrolífera americana está em Cabinda há 70 anos. Nunca saiu. Nunca se sentiu ameaçada”.

João Lourenço acrescentou: “Houve uma tentativa de sabotagem ainda no tempo da guerra, feita por um comando especial sul-africano. Foi o único caso de ameaça à segurança da Chevron em Cabinda. Agora mesmo, está uma entidade privada a construir aquela que vai ser a única refinaria de Cabinda. Cabinda nunca teve uma refinaria de petróleo, vai ter até ao final deste ano. É investimento privado, não é investimento público”.

“Então, não entendo do que é que me está a falar. Que a situação desencoraja o investimento privado, os investidores a trabalhar em Cabinda? Isso não é verdade, porque, para ser verdade, tinha que me apresentar factos. Eu não conheço factos. E a prova de que há confiança da parte dos investidores privados é que está a ser construída uma refinaria com investimentos privados”, disse o general também Presidente do MPLA, Titular do Poder Executivo e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas de Angola.

Segundo o comunicado, as FAC “apelam a todos os investidores franceses e portugueses para que abandonem imediatamente Cabinda”.

“O Alto Comando Militar da FLEC/FAC lembra que todo o espaço de Cabinda é um território em estado de Guerra, preservando a FLEC-FAC o seu legítimo dever de proteger as populações cabindesas contra as forças de ocupação angolanas”, lê-se no documento.

A FLEC/FAC reivindica há vários anos a independência do território de Cabinda, província de onde provém grande parte do petróleo angolano, evocando o Tratado de Simulambuco, de 1885, que designa aquela parcela territorial como protectorado português.

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